Desemprego recua mas renda também encolhe
A taxa de desemprego caiu de 10,8% — patamar em que ficou por dois meses consecutivos — para 10,2% em maio, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego, do IBGE. Apesar disso, a renda média dos trabalhadores caiu 1,5% em relação a abril e permaneceu estável na comparação com maio de 2004.
“Os dados mostraram resultados mais favoráveis em maio, confirmando uma reação que era prevista desde abril. Embora seja um movimento esperado e apesar das incertezas econômicas, constata-se que em maio houve também aumento na qualidade do emprego”, disse Cimar Azeredo, coordenador da pesquisa.
A população ocupada, estimada em 19,8 milhões de pessoas nas seis regiões metropolitanas pesquisadas, aumentou 1,2% de abril para maio (242 mil pessoas) ou 3,8% perante o mesmo mês do ano passado (719 mil.). E o emprego com carteira assinada cresceu ainda mais: 1,8% sobre abril de 2005 (a maior variação sobre o mês anterior desde agosto de 2002) ou 7,1% sobre maio do ano passado (recorde na série histórica).
IBGE prevê trajetória de queda no desemprego – Para Cimar Azeredo, embora o quadro político e o cenário econômico aumentem a incerteza dos investidores, é possível que a taxa de desemprego possa cair para um dígito em junho. Para ele, existe um movimento de contratações sazonais, de olho no desempenho da economia no segundo semestre.
À primeira vista, apenas o rendimento médio real do trabalhador mostra-se mais alinhado com a desaceleração da economia deste ano, disse o economista João Saboia, diretor do Instituto de Economia da UFRJ. Segundo o IBGE, o rendimento caiu 1,5% na virada de abril para maio (de R$ 932,80) — a segunda consecutiva— mas ficou praticamente estável comparando-se ao mesmo mês do ano passado (R$ 932,34).
“É sabido que o mercado de trabalho reage com algum atraso à conjuntura econômica. A grande questão é saber quando a desaceleração mostrada por diversos índices terá repercussão efetiva no mercado de trabalho. Por ora, o único dado ruim é a renda estagnada”, assinalou Saboia.
Azeredo, do IBGE, explicou que a queda no rendimento foi puxada por perdas nos salários dos servidores públicos, combinada com efeitos da alta da inflação corroendo a renda dos trabalhadores por conta-própria e empregadores. No acumulado dos últimos 12 meses, a inflação atingiu 7,6%. Porém, o rendimento dos trabalhadores da iniciativa privada foi preservado.
O economista do Ipea, Marcelo de Ávila avaliou positivamente os números do emprego do IBGE. “O aumento da população ocupada em maio foi muito vigoroso; a criação de empregos formais, comparando-se ao mesmo do ano anterior, continua a dar saltos e, ao mesmo tempo, houve redução do contingente de desempregados em maio”, comentou Ávila, considerando os dados do mês mais efetivos que os resultados de anos anteriores.
Em maio deste ano, a população desempregada, estimada em 2,2 milhões, caiu 5,1% diante de abril de 2005 e 15,6% sobre o mesmo mês do ano anterior.
Por atividade, a indústria foi o setor que mais puxou a reação do emprego. As vagas nas indústrias, notadamente em São Paulo, cresceram 3% em maio sobre o mês anterior.
“A taxa de desemprego caiu mais fortemente em São Paulo (de 11,4%, em abril, para 10,5% em maio), mas existe uma melhora global do mercado de trabalho”, disse Azeredo. Além da indústria, todos os setores pesquisados tiveram resultado positivo sobre o mesmo mês de 2004.
fonte: O Globo – Vagner Ricardo (24/6)