Depois da LER, transtorno mental é doença que mais atinge bancários
Essa também é a realidade de outras categorias, como a dos metroviários e comerciários. INSS não reconhece distúrbios como doenças ocupacionais
Os transtornos psiquiátricos, como a depressão, a ansiedade e a síndrome do pânico, ocupam o segundo lugar no ranking das doenças que mais atingem e afastam três categorias de trabalhadores em São Paulo: bancários, metroviários e comerciários. O problema só perde para a Lesão por Esforço Repetitivo (LER) — que ao contrário dos distúrbios mentais, já é reconhecidamente uma doença ocupacional.
Segundo o Sindicato dos Bancários de São Paulo, a Previdência Social reconheceu, no ano passado, apenas 3,4% dos casos de transtorno psiquiátrico como sendo doença relacionada ao trabalho.”Um levantamento feito em sete bancos pelo próprio INSS mostrou que dos 1.114 casos de afastamento pelo problema em 2004, apenas 38 foram enquadrados como doença ocupacional”, comenta Rita Berlofa, secretária de saúde do sindicato. “Isso é um absurdo. É cada dia maior o número de pessoas que chega ao sindicato com depressão e síndrome do pânico”, completa a dirigente.
A reclamação de Rita também é compartilhada pelo Sindicato dos Comerciários de São Paulo. O excesso da carga horária de trabalho, que inclui finais de semana e feriados, e a pressão para se alcançar metas de venda estão levando os trabalhadores do comércios crises de ansiedade.
“De cada dez associados, pelo menos três estão com problemas psiquiátricos”, afirma Ricardo Patah, presidente da entidade. “Quem recebe o auxílio-doença tem menos benefícios do que quem consegue comprovar a relação entre a doença mental e o trabalho (caso de quem ganha o auxílio-doença acidentário)”, acrescenta. No primeiro caso, o trabalhador não recebe fundo de garantia enquanto está afastado.
Com medo do preconceito e resistência do empregador, muitos metroviários deixam de notificar o problema para a empresa. “Eles procuram o médico do convênio, tomam remédios – que muitas vezes atrapalham as tarefas –, mas não notificam nem o sindicato, nem o empregador”, diz Manuel Xavier Lemos Filho, um dos diretores do Sindicato dos Metroviários de São Paulo.
Outro problema freqüente está no fato dos trabalhadores confundirem estresse com outros transtornos psiquiátricos. “Muitos acham que vai passar e só procuram ajuda quando o caso está mais sério, em fase de afastamento ou se perderam os empregos”, conclui o psiquiatra Wimer Bottura Junior, professor da Universidade de São Paulo.
Trabalho: maior fonte de estresse
Mais da metade dos brasileiros consideram o trabalho a maior fonte de estresse e conseqüentemente de risco para o desenvolvimento de transtornos psiquiátricos. Um estudo, concluído no final do ano passado, feito com 752 profissionais das mais diversas áreas de atuação, revelou que 52% deles atribuem à vida profissional o estresse do dia-a-dia.
Realizada pela filial brasileira do International Stress Management Association (Isma – Brasil), a pesquisa demonstrou que as principais causas do problema são a violência e a falta de tempo, seja em jornadas longas de trabalho como na sobrecarga de tarefas. Cerca de 81% dos entrevistados sofrer de ansiedade, 78% de angústia e 71% de irritação.
Segundo especialistas, o estresse é um dos fatores que mais levam os trabalhadores a desenvolver depressão, ansiedade e síndrome do pânico. Apesar de freqüente, poucos conseguem lidar bem com o problema.
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data: 24/05/2005
fonte: Diário de S.Paulo
hora: 15:22