CUT e bancários contestam elevação dos juros para 19,5%
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu na quarta-feira, dia 20, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros (Selic) para 19,5% ao ano, sem viés. O aumento de 0,25 ponto percentual foi o menor dos últimos seis meses. Com a oitava alta consecutiva, a taxa – a maior desde setembro de 2003 – já subiu 3,5 pontos desde setembro de 2004.
Descontada a inflação, passou de 12,9% a 13,2%. O Brasil mantém a liderança no ranking mundial dos juros mais elevados e da taxa nominal.
A justificativa para o novo aumento será conhecida no próximo dia 28, na divulgação da ata da reunião do Copom. Analistas atribuem a decisão conservadora à preocupação com os índices inflacionários e ao conseqüente receio de que a meta de 2006 seja afetada, além de o cenário internacional estar mais negativo.
Como a Selic é referência para os juros cobrados por instituições financeiras, é previsto que a taxa média do crédito ao consumidor chegue a 7,57% ao mês.
CUT e bancários reprovam juros altos
Para o presidente da CUT, Luiz Marinho, “depois de oito meses consecutivos de elevação da Selic e por tudo o que já disse a respeito neste período, a Central Única dos Trabalhadores considera que só há uma saída: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve tomar uma providência urgente em relação à política de juros, para que a sociedade não continue sendo afrontada pelo Copom”.
O presidente do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região, Devanir Camargo da Silva, afirmou que “essa nova elevação da taxa de juros não estimula o cescimento econômico, a distribuição de renda e a geração de empregos, favorecendo somente os banqueiros que aumentarão ainda mais os seus lucros gigantescos”.
“Juros altos significam piora no já grave quadro de desigualdade social no país. Quem tem dinheiro aplica em vez de investir na produção. O resultado é que os mais ricos ficam cada vez mais ricos, enquanto que a população mais pobre sofre com esse desinvestimento que aumenta o desemprego, e com a falta de crédito e a alta nos preços que decorrem dessa alta dos juros. A economia do país precisa mudar de rumo e priorizar o crescimento”, declarou o presidente do Sindicato dos Bancários de Sâo Paulo, Luiz Cláudio Marcolino.
Democratização do CMN
A CUT e os bancários renovam sua exigência pela democratização das decisões do Copom, por meio da campanha pela ampliação do Conselho Monetário Nacional (CMN).
Esta campanha, lançada no mês passado, é encabeçada pela CUT e conta ainda com a Confederação Nacional da Indústria, CNI, a Federação das Indústrias de São Paulo, a Fiesp, e diversas outras entidades da sociedade civil.
fonte: Correio do Povo, CUT e Seeb SP