CESP PARANAPANEMA: MAIS UMA TRAIÇÃO DE COVAS
28/julho/1999
Covas entrega
Cesp Paranapanema
Por R$1,239 bi, a empresa norte-americana Duke Energy arrebanhou o controle da Cesp Paranapanema em leilão ocorrido hoje na Bolsa de Valores de São Paulo.
A companhia é a primeira geradora do Estado a ser privatizada e a menor das três que resultaram da divisão da Cesp. O governo Covas pretende vender duas outras até o final do ano.
Segundo informou a agência Globo, a Duke Energy é uma das três maiores empresas de energia do mundo e tem sede na cidade de Charlotte, no Estado da Carolina do Norte, nos Eua.
O Sinergia, Sindicato dos Energéticos do Estado de SP, fez manifestação na frente da Bolsa contra a privatização da empresa.
Previsões. Em seminário promovido pelo gabinete do deputado estadual Carlos Zarattini (PT) no mês de abril, foi feito um alerta para a gravidade desse processo. Um caderno publicado logo depois com transcrição do evento fazia uma projeção dramática do então projeto do governo do Estado de privatização das geradoras resultantes da divisão da Cesp.
Conforme o texto, eventual privatização poria um ponto final nas atividades de fomento e colocariam em risco o fornecimento de energia para o desenvolvimento do Estado de São Paulo e do país, além de transferir para as mãos de empresas privadas (e provavelmente estrangeiras) o controle das águas dos principais rios paulistas.
Vale registrar que uma das previsões já se revelou correta: a empresa que venceu o leilão é estrangeira.
O documento informava ainda que a mesma água que é usada para a produção de energia também serve para o consumo das populações das cidades ribeirinhas, para irrigação das lavouras, para o lazer em diversos hotéis, clubes e pousadas que margeiam os rios, onde também se encontram a extração de areias e argilas para a indústria ceramista. Como a legislação atual concede ao concessionário de energia os direitos sobre os usos das águas, o documento trazia a seguinte questão: “Enquanto a Cesp for uma empresa pública todos esses problemas são resolvidos de forma harmoniosa. No entanto, qual a garantia de essa relação ocorra com as empresas privatizadas? “
Na avaliação do diretor da Afubesp José Aparecido da Silva (Chocolate), a julgar pelas outras privatizações, a resposta à pergunta não será animadora. “Uma empresa privada vai tentar extrair o máximo de lucro pelo menor investimento. Olhe lá se a população e empresas da região não tiverem que pagar “pedágio” para usar a água”.
Chocolate observa que, mais uma vez, um patrimônio público foi entregue por um preço que não compensa o prejuízo social que traz embutido.
Para ele, esse é mais um motivo para que os banespianos se engajem firmemente nas atividades que serão desenvolvidas no próximo período, entre elas, a coleta de 1 milhão de assinaturas contra a privatização dos bancos públicos e a marcha do 100 mil em Brasília, pois, na sua opinião, só um movimento de envergadura nacional pode pôr fim à sanha privatista do governos FHC e Covas.
fonte: AFUBESP