CADE analisa compra do ABN pelo Santander
O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), que se reunirá nesta quarta-feira (10) em sessão de julgamentos, tem na pauta a análise da aquisição do banco holandês ABN Amro pelo consórcio formado entre o banco britânico RBS (Royal Bank of Scotland), o espanhol Santander e o belga-holandês Fortis.
O que estará em julgamento pelos conselheiros do CADE é o impacto concorrencial da fusão da parte não financeira do negócio entre o consórcio e o ABN Amro. Ou seja, serão examinadas as partes do negócio que envolvem as operações com cartões de crédito, corretagem e distribuição de títulos e valores imobiliários, corretagem de seguros e gestão de recursos de terceiros.
Para o diretor jurídico da FETEC/CUT-SP, Gutemberg Oliveira, o CADE se precipita ao fazer uma avaliação burocrática do negócio, sem antes consultas os principais interessados na operação que são os consumidores e os trabalhadores. “Uma audiência com o movimento sindical está marcada para a primeira quinzena de novembro, apesar de o pedido ter sido feito a mais de 20 dias, o que daria tempo do Conselho ter ouvido os trabalhadores antes da reunião de amanhã”, destaca
O dirigente ressalta ainda a necessidade de se levar em consideração os impactos de ordem econômica, seja na possibilidade de corte de postos de trabalho – com reflexo direto nas economias regionais do país – seja na própria concentração do sistema financeiro que expõe a população em geral a tarifas mais altas do que as atuais, podendo haver inclusive formação de cartel.
O histórico financeiro dos últimos anos comprova a afirmação de Gutemberg. Segundo o dirigente, HSBC, Santander e o próprio ABN – bancos estrangeiros que entram no país com a propaganda de que iriam reduzir tarifas, oferecer menores taxa de juros para concessão de empréstimos e maior volume de investimentos – tiveram uma prática diferente do anunciado.
“Esperamos que o CADE, cumprindo o seu papel social, estabeleça cláusulas evitando que haja fechamento de agências e demissões a título de otimização de estruturas e “sinergia” do banco, pois o CADE tem que estar a serviço do interesse nacional e não de banqueiros estrangeiros, seguindo a orientação governo Lula que é o de crescimento, geração de emprego e renda”, finaliza o diretor da FETEC/CUT-SP.
A compra também será submetida às autoridades concorrenciais do México, Rússia, Suíça, Taiwan e Japão. Ela já foi aprovada nos Estados Unidos, Canadá, Turquia e pela União Européia.
fonte: Fetec/CUT-SP