Brasil muda política e passa a abater a dívida externa
A política de pagamento da dívida externa do país nos próximos dois anos vai mudar. Em vez de continuar refinanciando a dívida toda, o governo quer liquidar cerca de 20% dela. Em 2006 e 2007, vão vencer US$ 11,8 bilhões em títulos da dívida. O governo irá rolar (trocar por novos papéis) o equivalente a 76% desse valor, ou cerca de US$ 9 bilhões. Os outros 24% (US$ 2,8 bilhões) vão ser amortizados (pagos definitivamente).
Até agora, o governo refinanciava 100% e mantinha a dívida com outros papéis, para vencimento futuro. Eram pagos integralmente só os juros da dívida.
O anúncio foi feito pelo secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy. Essa decisão foi tomada, segundo ele, porque o governo quer reduzir a exposição cambial brasileira. Se o país tem muita dívida em dólar, a economia fica mais frágil. Uma variação muito brusca aumenta muito a dívida.
A rolagem de 80% do principal da dívida “torna o país menos suscetível a choques externos”, disse o secretário.
Em 2002, a dívida indexada ao dólar chegou a ter uma participação de 40% no total da dívida interna. Hoje, não chega a 5%.
Levy não descartou a possibilidade de o programa de financiamento para os próximos dois anos ser iniciado já em 2005, mas não revelou como o governo vai conseguir dinheiro para fazer a amortização.
Questionado sobre a forma como o governo vai financiar essa diferença, Levy disse: “O normal é que se usem as reservas, mas a decisão no momento não se coloca”.
Outra alternativa, confirmou Levy ao ser perguntado por jornalistas, seria obter os recursos no mercado de câmbio.
fonte: UOL