Banqueiros privados já fecharam 3.541 postos de trabalho em 2004
Os principais bancos privados do país fecharam este ano 3.541 postos de trabalho. Segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregos do Ministério do Trabalho), ao todo os bancos demitiram 29.362 bancários de janeiro a outubro. Considerando o Banco do Brasil e a Caixa o número de contratação supera o de demissões, porém, no caso específico dos bancos privados o número de funcionários foi reduzido drasticamente. Foram 14.986 contratações contra 18.527 demissões, ou seja, uma redução equivalente a quase 10% da categoria.
Os números da irresponsabilidade
De acordo com uma pesquisa realizada pelo economista Murilo Barella, técnico do Dieese na subseção da CNB/CUT, a categoria bancária foi reduzida pela metade em 15 anos. Em 1989, o Brasil possuía 811 mil bancários. Hoje, o número não passa dos 405 mil.
A pesquisa constatou que os bancários que mais sofrem com as demissões são aqueles que estão prestes a se aposentar. “A maioria dos bancários em 2003 (36%) tinham até cinco anos de estabelecimento. Em comparação com o ano de 2000 representa uma ampliação de mais de 50% desta faixa. Já os bancários com mais de 20 anos de casa representavam, em 2003, 21%: um crescimento de 22,07% em relação ao ano de 2000. Os extratos entre estes dois extremos reduzem-se, com destaque à faixa entre 10 e 20 anos, que registram mais de 63 mil demissões”, detalhou.
Para Murilo, são vários os fatores que têm contribuído para a redução do número de bancários. “Podemos começar com a automação que permitiu eliminar a interferência direta do trabalhador em uma série de tarefas. A terceirização também representa uma nova forma de organização dos serviços nos bancos. Além disso, as empresas transferem parte das tarefas originalmente desenvolvidas por bancários para outras empresas, o que geralmente acaba levando à precarização das condições em que o trabalho é executado, já que elas deixam de se regular pelas normas da Convenção Coletiva da categoria, principalmente no tocante à jornada e remuneração”.
Ele destaca ainda o processo de fusões e incorporações, que tem provocado o corte de empregos, na medida em que a junção de duas ou mais estruturas permitem eliminar os segmentos responsáveis por tarefas realizadas em duplicidade pelas instituições, como contabilidade, recursos humanos, marketing. Embora o número de bancários esteja diminuindo a cada ano, a pesquisa do Dieese mostra que há espaço para contratações. Entre os fatores que mais comprovam esta tese está o desrespeito à jornada de trabalho, com a realização indiscriminada de horas extras e o comissionamento de empregados. “Este processo resultou em redução considerável do estoque de empregos bancários”, comentou.
Outro dado que mostra a falta de compromisso dos bancos para com os empregados é a taxa de rotatividade. Em outubro de 2004, segundo dados do Caged, a taxa (ou turnover) que mede a “renovação” dos quadros de funcionários das empresas estava em 3,15%. Pelos últimos dados dos balanços sociais dos bancos de 2003 a taxa de rotatividade no sistema financeiro foi de 7,15%. Ainda assim, menor que em 2002 (9,5%) e em 2001 (11,4%).
Porto Alegre na luta pelo emprego
Conforme levantamento do setor de homologações do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região, foram demitidos 343 trabalhadores em 2004. Os bancos que mais demitiram foram Bradesco (45), Unibanco (39), Santander (37) e ABN (32), o que mostra a falta de responsabilidade social dos banqueiros.
Por isso, os bancários vão sair às ruas mais uma vez para denunciar à sociedade a postura irresponsável dos bancos, que lucram horrores, penalizam a população com tarifas altas e ainda causam desemprego.
O Sindicato luta por um Natal sem demissões e um Ano Novo com emprego, respeito aos direitos e dignidade para todos os trabalhadores.
fonte: CNB/CUT e Seeb PoA