Banqueiros elevam lucros com tarifas e mais clientes
Os balanços do terceiro trimestre mostraram que para os grandes bancos privados do país não há crise. Os lucros conquistados pelas instituições cravaram novos recordes, e sua rentabilidade não pára de aumentar.
Bradesco, Itaú, Unibanco e Santander Banespa juntos tiveram lucro líquido de R$ 10,50 bilhões nos primeiros nove meses do ano, cifra 43,4% maior que a alcançada em igual período de 2004. Os dados, ajustados pelo IPCA, foram levantados pela Economática.
Além do crescimento das carteiras de crédito, evento destacado pelos bancos nas apresentações de seus resultados, a expansão dos ganhos com as receitas de serviços bancários (que inclui itens como tarifas e taxas de administração de fundos) chama a atenção. Entre 2004 e 2005, considerando os primeiros três trimestres, essa receita saltou de R$ 12,52 bilhões para R$ 14,47 bilhões.
O crescimento da base de clientes tem sido importante para esse resultado. No caso do Bradesco, o maior banco privado do país, o número de contas correntes subiu de 15,3 milhões em setembro de 2004 para 16,5 milhões em setembro deste ano.
“O lucro dos bancos cresceu espantosamente”, diz Fernando Exel, presidente da Economática. “As carteiras de crédito, que vinham relativamente estabilizadas nos últimos anos, deram um salto enorme”, afirma Exel.
O estudo mostra que, entre 2002 e 2004, a carteira de crédito dos bancos girava em torno de R$ 120 bilhões. No terceiro trimestre de 2005, bateram os R$ 143 bilhões.
A alta da taxa básica de juros ajudou a potencializar o retorno do crédito crescente. De janeiro a setembro de 2004, a taxa básica (Selic) média ficou em 15,9%. Neste ano, essa média subiu para 19,2%. Ou seja, o volume de empréstimos concedidos pelas instituições subiu acompanhado da escalada dos juros.
Junto a esse movimento, o percentual das operações de crédito nas receitas totais dos bancos subiu de 41,7% em 2004 para 42,6% neste ano.
Um dado importante apontado pelos analistas é o aumento da rentabilidade das instituições que aparecem no estudo. O chamado ROE (“Return on Equity”, na sigla em inglês) anualizado dos bancos saiu de 23,92% no ano passado para 30,27% agora. Isso mostra que os bancos estão não apenas com grandes lucros, mas muito mais rentáveis. Na hora de avaliar o potencial de retorno de uma empresa, os analistas ficam atentos exatamente ao ROE.
No mercado acionário, os investidores têm respondido bem aos resultados recordes dos bancos. Nos últimos 12 meses, a ação PN do Bradesco acumula valorização de 129,99%, a do Itaú, 67,16%, e a do Unibanco, 59,63%. O Ibovespa (principal índice da Bolsa) subiu 32,10% no período.
Outro dado interessante é o do percentual da receita de serviços destinado a pagamento de despesas de pessoal. Em 2000, era de 103,7% -o que mostra que as receitas não eram suficientes para cobrir esses custos. Neste ano, o percentual recuou para 65,5%.
fonte: Fabricio Vieira – Folha de S. Paulo (11/11)