Bancos têm rentabilidade recorde no Brasil
Retorno das instituições financeiras no país superou em 2003,
pela 1ª vez, o obtido pelas americanas
Os bancos que atuam no Brasil conseguem registrar níveis de rentabilidade que superam os verificados em grandes bancos americanos. No ano passado, pela primeira vez na história, o resultado sobre o desempenho dessas instituições superaram o obtido pelos bancos nos EUA.
A rentabilidade com as operações bancárias no Brasil supera até a taxa de retorno registrada pela indústria norte-americana e também pela brasileira. Nesse caso, foram contabilizados os resultados de companhias e instituições financeiras com ações na Bolsa de Valores de São Paulo e em Nova York.
No ranking deste ano, que engloba números dos maiores bancos presentes nos dois países – segundo resultado com intermediação financeira –, Bradesco, Banco do Brasil e Itaú aparecem na 9ª, 10ª, 11ª posições, respectivamente. Em primeiro está o Citygroup, o maior do mundo.
Levantamento da Economática, que realizou os cálculos, mostra que o que aconteceu foi uma inversão – favorável aos brasileiros – nos desempenhos das instituições aqui e lá fora.
Em 2003, a taxa de rentabilidade mediana (média que elimina as maiores variações) das instituições ficou em 17% no Brasil. Nos EUA, ficou em 15,1%. A taxa de 17% é recorde e muito próxima até do melhor índice para o setor verificado nos EUA (de 17,45 no ano de 1999).
Entretanto, até então, o Brasil perdia para as instituições financeiras lá fora e o índice dos bancos americanos era superior e sempre alcançava os dois dígitos. O levantamento da Economática mostra que neste ano, porém, houve uma redução. No primeiro trimestre, o número ficou em 14,9%. Isso ocorreu por conta do aumento de certas despesas nas empresas do país. Mesmo com a queda, entretanto, o resultado é o mesmo registrado pelos bancos norte-americanos.
O índice também é, de longe, superior à taxa mediana de retorno da indústria norte-americana. O número ficou em 11,6% em março deste ano.
O que analistas brasileiros e estrangeiros concordam é que a recente reformulação do sistema bancário brasileiro (com o fim da inflação – que engordava as receitas das companhias) obrigou o setor a aprender a ganhar dinheiro em outras áreas, antes negligenciadas. Entre essas áreas está a de crédito popular.
Além disso, também há a questão dos elevados “spreads” bancários (diferença entre o custo de captação do dinheiro e o que é cobrado do tomador).
Como rentabilidade é a divisão do lucro pelo patrimônio, um “spread” alto turbina o lucro e, logo, a rentabilidade das empresas.
Com uma leitura dos balanços, é possível verificar que o Bradesco, por exemplo, registrou de janeiro a março uma taxa de rentabilidade (anualizada) de 19,1%. No mesmo período de 2003, o número foi de 18,5%. No Itaú, o indicador alcançou 31,1% neste ano, contra 31,1% em 2003.
Ranking – No ranking dos bancos líderes em resultados com intermediação financeira (juros recebidos nas aplicações em títulos e valores mobiliários e nos empréstimos, por exemplo) o Brasil continua na 9ª posição neste ano, ocupada pelo Bradesco. Na cola aprecem o Banco do Brasil e o Itaú.
No entanto, no Itaú, por exemplo, o dinheiro obtido com a intermediação registrou alta de só 14,8%.
Enquanto isso, as despesas (juros pagos nas captações e operações de empréstimos e repasses e provisões técnicas) cresceram 117,5% no período.
fonte: Folha de S.Paulo