Bancos: muito lucro e pouco emprego
Os bancos brasileiros acabam de ultrapassar a marca de 100 milhões de contas correntes. As instituições financeiras no país a cada ano lucram mais – foram quase R$ 26 bilhões só em 2006 – mas sua capacidade de aumentar lucros parece ser tão grande quanto sua incapacidade de cumprir o papel social de criar empregos na mesma proporção e repassar para a sociedade pelo menos uma parte destes ganhos gigantescos.
Parece mentira, mas o número de empregados nos bancos caiu 35% em 13 anos. Em 1993, os bancos empregavam 651 mil pessoas; no final de 2006, suas folhas de pagamento contavam com cerca de 420 mil bancários. Neste mesmo período, as contas correntes tiveram crescimento de 133,2%.
“Além de reduzir empregos, prejudicando o crescimento da economia e a distribuição de renda, os bancos foram aos poucos sobrecarregando os bancários que continuaram empregados”, ressalta o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Luiz Cláudio Marcolino.
Mais pressão – O dirigente sindical se refere à redução do número de empregados por agência e, principalmente, ao aumento do número de bancários por conta corrente. Neste último quesito, o crescimento foi de quase 260% entre 1993, quando um funcionário administrava em média 67 contas, e 2006, quando um só bancário foi responsável por 241 contas.
Outro dado alarmante: em 1994, havia em média 33 bancários em cada agência do país, número que caiu para 23 em 2006. “O resultado disso todos sabem: pressão, sobrecarga de trabalho e metas inatingíveis”, afirma Marcolino.
Merece atenção o número de agências em operação no país desde 1994, praticamente inalterado nestes 12 anos: eram 17.434 e hoje não passam de 18.087. A explicação para isso, segundo o presidente do Sindicato, é a opção dos banqueiros por tirar os clientes das agências, investindo em caixas eletrônicos, expansão dos serviços pela Internet e correspondentes bancários, por exemplo.
“Essas atividades acabam facilitando a terceirização dos serviços bancários, uma forma de os bancos fugirem dos pagamentos dos direitos da categoria, como piso, vale-alimentação e vale-refeição, entre outros. A questão é: será que os bancos precisam precarizar empregos para economizar com salários de seus funcionários? Será que os lucros na casa dos R$ 6 bilhões não são suficientes?”, questiona. A resposta os bancários vão dar nos próximos meses, na campanha nacional da categoria.
fonte: Seeb SP