Bancos insistem em avançar na renda de aposentados
Lobby junto ao governo mostra fragilidade da responsabilidade socioambiental que as instituições dizem ter
Após defenderem publicamente o aumento do teto dos juros cobrados pelos empréstimos consignados oferecidos para aposentados e pensionistas, os banqueiros já fazem lobby junto ao governo para colocar em prática a proposta. Eles querem ainda aumentar a porcentagem da margem permitida de endividamento.
Segundo matéria publicada na terça-feira, 19, pelo jornal Valor Econômico, já existe um grupo de estudos dentro do Conselho Nacional de Previdência Social que avalia a elevação do teto de juros, hoje em 2,5%, e que trabalha pelo aumento da margem de endividamento dos atuais 20% para 30% do ano passado que foi reduzido em janeiro.
O vice-presidente da ABBC (Associação Brasileira de Bancos), Renato Oliva, que integra o conselho, diz até que já levou as propostas para o ministro da Previdência Social, José Pimentel, que pediu que o grupo estudasse melhor as sugestões. Uma nova reunião deve acontecer no dia 27.
“A ganância dos banqueiros parece não ter fim. Já aumentaram brutalmente as receitas neste primeiro semestre com operações de crédito e agora querem forçar o maior endividamento dos aposentados e pensionistas para encher seus já abarrotados cofres”, diz o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino.
“Realmente a preocupação social deles vira pó quando o assunto é lucro.” Marcolino fala com base em números. Sete dos oito bancos que já divulgaram seus balanços no primeiro semestre aumentaram a arrecadação com operações de crédito em pelo menos 29%: Bradesco (39%), Itaú (41%), Real (33%), Banco do Brasil (38), Caixa (30%), Nossa Caixa (29%) e Unibanco (33). O HSBC, apesar de ficar abaixo desta faixa, também aumentou 18%. E os números tendem a subir. Segundo o recém-eleito presidente da Acrefi (Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento) Adalberto Savioli, a carteira deve crescer entre 20% e 25% este ano em relação a 2007.
Estratosfera – Além do aumento da carteira, os bancos ganham também com o aumento sistemático dos juros cobradas nas operações de crédito. No final de julho, as taxas bateram em 49,1% ao ano, a maior desde abril de 2007. No fim do ano passado eram de 33,8%.
fonte: André Rossi – Seeb SP