BANCO, QUE GANHOU R$ 100 MILHÕES COMPRANDO BRADIES DO BANESPA, MANTÉM LIGAÇÕES PERIGOSAS COM O BACEN
Transcrevemos abaixo matéria publicada na edição de 12 de maio da revista Isto É, onde são reveladas as relações íntimas entre o Banco Central, que vendeu com prejuízo os bradies do Banespa, e o Morgan, comprador dos títulos.
Bom e velho Morgan
O grupo Morgan, que amealhou R$ 1 bilhão comprando dólares às vésperas da desvalorização, é um velho parceiro do governo brasileiro. Tão próximo que participou de uma operação secreta do BC para manipular a cotação dos títulos brasileiros no Exterior.
Em 1995, o banco JP Morgan, um dos braços da corporação, foi encarregado de usar US$ 300 milhões das reservas cambiais para operar com títulos da dívida brasileira e provocar a elevação artificial do preço dos papéis. O negócio, proibido pelo acordo de renegociação da dívida externa que impede o País de recomprá-la, foi escondido do Tribunal de Contas da União.
O Morgan seguiu cultivando este bom relacionamento. Em 1997, ofereceu dois seminários a funcionários do Departamento de Câmbio, então chefiado por Maria do Socorro Costa de Carvalho. Um em Manaus e outro em Fortaleza, com despesas pagas. Um evento institucional rotineiro, argumenta o BC.
Na última semana, o deputado Aloizio Mercadante (PT-SP) denunciou uma nova parceira que rendeu ao grupo Morgan um lucro de quase US$ 100 milhões: entre outubro e março últimos, o Banespa, por indicação do BC, vendeu US$ 747 milhões em títulos da dívida ao Morgan Trust. Como o movimento era ruim, o deságio foi alto e o Banespa recebeu apenas US$ 414 milhões pelos papéis.
Sônia Filgueiras
fonte: AFUBESP