Banco Central deve manter corte da Selic
A turbulência desencadeada no mercado mundial nos últimos dias não deve influenciar nas próximas ações do Comitê de Política Monetária (Copom), que se reúne na terça e quarta-feira, dias 6 e 7. Para a analista da Tendências Consultoria Integrada Alessandra Ribeiro, o movimento mundial só deve reforçar a posição dos diretores do Banco Central (BC) de reduzir a dose de corte da taxa Selic, hoje em 13% ao ano.
A expectativa é de que a autoridade monetária mantenha a redução feita em janeiro, de 0,25 ponto porcentual, já que os fundamentos econômicos brasileiros ainda dão ampla folga para o recuo na taxa básica de juros. “Acho pouco provável que o BC interrompa o ciclo de queda da Selic, pois os riscos de inflação são muito baixos”, afirmou Alessandra.
O vice-presidente do Banco Itaú, Alfredo Setubal, também acredita que o Copom manterá o corte de 0,25 ponto porcentual no encontro da próxima semana. Em evento na Bolsa de Valores de Nova York (NYSE), o executivo projetou que a Selic deverá estar entre 11% e 11,5% no fim deste ano.
Setubal avalia que a redução no ritmo de corte do juro no último encontro de política monetária, de 0,50 pontos para 0,25 pontos, levando a Selic para 13%, não atrapalhará a expansão do crédito projetada pelo banco, de 20% a 25% neste ano. “A perspectiva de crescimento do crédito (esperada pelo banco) leva em conta a redução da taxa de juro no ritmo atual”, observou Setubal, durante o chamado Itaú Day.
Outro fator que deve contribuir para que o BC mantenha o ciclo que redução da taxa Selic é o resultado medíocre da economia brasileira no ano passado. O Produto Interno Bruto (PIB) de 2006 cresceu 2,9%, bem abaixo da média mundial e também aquém da estimativa de crescimento dos emergentes feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), de 6,5%.
Além disso, o juro real brasileiro na casa de 9% ainda é o maior do mundo, o que permitiria um recuo dos juros nominais, de acordo com analistas. Há ainda aqueles que apostam na retomada pelo BC de um corte de 0,5 ponto porcentual para dar mais impulso à economia brasileira.
fonte: O Estado de S. Paulo