Bancários realizam arrastão e paralisam agências no centro de São Paulo
Nesta quinta-feira, 30, o 16.º dia de greve dos bancários em São Paulo foi marcado por um grande arrastão no centro financeiro da cidade, situado entre as ruas Boa Vista e XV de Novembro. Dirigentes do Sindicato, da Afubesp e da Fetec/CUT-SP, acompanhados de dezenas de militantes, ingressaram nas agências para pedir aos colegas que estavam trabalhando que aderissem à greve.
Apesar do forte aparato policial, sempre a postos para defender os interesses dos banqueiros, diversos bancos da região foram paralisados. Destaque especial para as três unidades do Bradesco, onde os bancários em greve realizaram um verdadeiro carnaval – com direito à banda, músicas, confete e serpentina – para convencer os gerentes a liberar os funcionários.
Violência do Bradesco – Na agência São Bento do Bradesco não houve atrito entre os bancários e a gerência. Nas outras duas, porém, o clima esquentou. Na unidade XV de Novembro, a polícia foi chamada para reprimir os manifestantes, que foram agredidos quando tentavam ingressar no local para dialogar com os colegas.
Até a jornalista da Afubesp Érika Soares, que estava cobrindo a manifestação, foi violentamente agarrada no braço por um policial que, na seqüência, correu para dentro da agência. O presidente da entidade, Aparecido Sério da Silva, usou o microfone para denunciar a truculência contra a jornalista. “Além de agredir uma profissional da imprensa no exercício de suas funções, o Bradesco agrediu uma cliente, pois ela é correntista deste banco”, afirmou o dirigente, mostrando o cartão magnético de Érika.
Parte dos manifestantes conseguiram ingressar na agência e ficaram separados dos demais por um cordão de isolamento, formado por dezenas de policiais militares. Segundo testemunhas, o gerente da unidade, de nome Paulo, tentou esconder os funcionários no auditório e, pasmem, até no cofre do banco.
Entretanto, o movimento não arredou pé, manteve a agência paralisada e, por volta das 14 horas, conseguiu que todos os trabalhadores saíssem da agência, junto com os militantes e sindicalistas que tinham ficado lá dentro. “Estamos saindo com o compromisso de que o banco não abrirá suas portas hoje”, relatou o diretor da Fetec/CUT-SP, Adalto Almino Uchôa.
Cárcere privado – Na agência Boa Vista, a “muvuca” foi ainda pior. Na tentativa de impedir que os manifestantes dialogassem com os funcionários, a segurança do banco fechou as portas, deixando quatro estudantes de jornalismo presos na sala de auto-atendimento. Através da grade que os separavam da rua, os jovens denunciaram a arbitrariedade, afirmando que queriam sair da agência e não podiam, o que configura cárcere privado.
Diante da situação, os próprios dirigentes do sindicato e da Afubesp tiveram que chamar a polícia para libertar os quatro estudantes. O gerente foi obrigado a soltar os jovens, que foram aplaudidos pelos manifestantes na saída. “Estávamos usando o caixa eletrônico, quando fecharam a porta”, relatou Thiago Trujilo, um dos estudantes que passou cerca de 40 minutos trancado na sala de auto-atendimento. “Considero a atitude do Bradesco uma falta de respeito com a gente”, afirmou indignado.
Os quatro jovens deixaram o local sem informar se iriam registrar queixa contra o banco. A agência ficou paralisada até o final do dia.
fonte: Airton Goes – Afubesp