Bancários querem respeito aos direitos em todas as partes do mundo
Reunião com a Fenaban vai cobrar acordo marco para estabelecer parâmetros internacionais para bancos brasileiros fora do país
O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e a Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) reúnem-se nesta segunda-feira, 27, com a comissão de negociação da Fenaban (Federação dos Bancos), para tratar do comportamento dos bancos brasileiros em outros países.
Os bancários irão cobrar da Fenaban que assine acordo marco para estabelecer direitos internacionais sindicais para os trabalhadores de bancos brasileiros fora do país, principalmente Banco do Brasil, Itaú e Unibanco. O objetivo é garantir direitos básicos como sindicalização, estabilidade do dirigente, liberdade de ação sindical, entre outros.
O anúncio do encontro foi feito no sábado, 26, em encontro que debateu a forma de atuação dos bancos no mundo, durante a 10ª Conferência Nacional dos Bancários.
Chile – Os trabalhadores também assinaram uma moção de apoio e de solidariedade aos bancários do Santander no Chile, que estão sendo vítimas de agressão e de práticas anti-sindicais naquele país. Os bancários chilenos reivindicam reajuste salarial, já que ganham menos que o salário mínimo. Dirigentes sindicais foram mantidos em cárcere privado e chegaram a ser hospitalizados devido à violência sofrida.
Paraguai – Durante o painel “Análise do Instrumento Pacto Global das Nações Unidas em Empresas Multinacionais”, apresentado pelo secretário-geral da UNI Finanças Mundial, Oliver Rothig, bancários do Banco do Brasil no Paraguai denunciaram perseguição política e pediram apoio dos sindicatos brasileiros. Eles relataram que o BB chegou a ficar oito anos sem conceder reajuste salarial e, atualmente, não o faz a dois anos.
Colômbia – Uma bancária colombiana, que não pode ser identificada já que busca a condição de exilada política no Brasil, relatou uma trágica realidade de perseguição aos representantes dos trabalhadores: só nesse ano 26 sindicalistas foram assassinados na Colômbia.
Acordo Mundial – Em sua exposição, Oliver Rothig, da UNI, destacou a importância de se estabelecer acordos internacionais de relações trabalhistas, como forma de garantir que o trabalhador de uma mesma empresa tenha os mesmos direitos em qualquer lugar. “Os bancos são empresas internacionais operando em todos os países e não tem ligação com nenhum país específico”, afirmou. A UNI é um sindicato global, o maior do setor financeiro e de serviços do mundo.
“Os bancos querem ter lucro de 25% ou mais, todo ano. E isso não é desenvolvimento sustentável, já que a economia cresce em média 5% ao ano no mundo”, destacou Oliver, dizendo que o negócio dos bancos é esse, então demitem a aumentam a tensão e o estresse para os que ficam na empresa. “Temos que encontrar saídas e isso se aplica também em intervenções juntos aos legisladores dos países. Temos que ter estrutura para atuar com esse tipo de relações transnacionais. Temos que forçar a empresa e perceber que a nossa rede também é internacional.”
Oliver aponta como uma das saídas a denúncia contra as empresas que não cumprem direitos trabalhistas. “Elas representam riscos aos seus acionistas e eles precisam saber disso. Temos que mostrar isso ao público, e desenvolver a nossa própria rede para combater isso.”
fonte: Gisele Coutinho – Seeb-SP