Bancários exigem contratação de funcionários e mais segurança no Santander Banespa
A contratação de funcionários para acabar com a sobrecarga de trabalho nas agências e qualificar o atendimento aos clientes, ao lado da realização de maiores investimentos em dispositivos de segurança e da melhoria no tratamento às vítimas de assaltos e seqüestros, foram as principais exigências feitas pela Comissão de Organização dos Empregados (COE) ao Santander Banespa, durante a reunião do Comitê de Relações Trabalhistas, ocorrida nesta terça-feira, dia 20, em São Paulo.
Outras demandas importantes, muitas já apresentadas em encontros anteriores, como a proibição de metas aos caixas e o combate ao assédio moral, foram retomadas pelas entidades sindicais e de representação. Os bancários também reclamaram da extrapolação da jornada de trabalho, tendo sido informados que a partir de maio o ponto eletrônico será atrelado ao sistema para todos os elegíveis. O banco ainda foi questionado sobre o fechamento de três agências pioneiras no interior de São Paulo, previsto para o final de março ou meados de abril.
Como a pauta era muito extensa, uma vez que a última reunião do Comitê tinha acontecido em agosto do ano passado, o banco ficou de agendar uma nova rodada para a próxima semana, a fim de concluir a discussão de todos os pontos.
Veja os temas debatidos e as respostas iniciais do banco:
1. Falta de funcionários nas agências
Os dirigentes sindicais relataram os problemas enfrentados em muitas unidades, com a falta de caixas e a sobrecarga de trabalho, levando ao atraso na realização dos serviços e piorando ainda mais o atendimento aos clientes. Essa realidade tem provocado, de um lado, o adoecimento de muitos trabalhadores e, de outro lado, o aumento nas reclamações de usuários junto ao Procon e ao Banco Central.
Foi reivindicada a contratação de funcionários para suprir a falta de pessoal em toda a rede de agências, com o aproveitamento dos estagiários. O banco ficou de analisar a proposta.
2. Problemas nos extratos das contas de FGTS
Mais uma vez, os representantes dos bancários cobraram medidas do banco junto à Caixa Econômica Federal visando regularizar os saldos das diferentes contas de FGTS.
Os ex-funcionários do Meridional, Santander e Santander Brasil possuem até três contas, cada uma referente ao CGC do banco. Com a incorporação ocorrida em agosto, os banespianos passaram a ter uma conta no Santander Meridional, sendo que o nome do banco deveria ser Santander Banespa.
Além dos transtornos com essas contas, os saldos informados pela Caixa para vários funcionados não incluem os valores já sacados, como para pagamento da prestação ou quitação de casa própria. Essa situação reduz o cálculo da indenização de 40% em caso de demissão.
O banco alegou que a Caixa não unifica as contas de FGTS e muitos problemas são decorrentes da migração ocorrida em junho de 1992, ficando de analisar os problemas apresentados. Com relação às pessoas que não conseguem sacar o dinheiro do fundo, os representantes da empresa ficaram de contatar a Caixa Econômica Federal para tentar resolver esses casos.
3. Cobrança de metas de produção para os caixas
Os bancários denunciaram que as agências estão descumprindo a cartilha e compromisso firmado na reunião de agosto do ano passado de que não haveria cobrança de metas para os caixas.
O representante do banco respondeu que fará uma reunião com os superintendentes para que os gerentes sejam orientados a não exigir metas dos caixas.
4. Extrapolação da jornada de trabalho e ponto eletrônico
Os dirigentes sindicais reclamaram que, apesar da implantação do ponto eletrônico nas agências, várias unidades obrigam os funcionários a continuarem trabalhando depois de registrarem o horário de saída. Foi reivindicado o respeito à jornada de trabalho e a extensão do ponto eletrônico para os postos de atendimento.
O banco informou que a partir de maio o ponto eletrônico será atrelado ao sistema “logof” para todos os elegíveis, visando reforçar a orientação para que ninguém trabalhe além da jornada. Também foi comunicado que até meados do ano o ponto será instalado em todos os dois mil postos de atendimento.
5. Assédio moral e pressão no trabalho
Os sindicalistas relataram diversas situações de assédio moral nas agências e departamentos do banco, mostrando casos de humilhação, coação e ameaça dos trabalhadores e exigindo a apuração dos fatos e a eliminação dessa prática.
O representante do banco adiantou que fará reuniões com os diretores e superintendentes sobre o assunto. “O chicote não aumenta a produção”, afirmou. Ele também prometeu incluir o comportamento e as atitudes adequadas dos gestores nos treinamentos do banco.
6. Plano de Cargos e Salários (PCS)
Os dirigentes sindicais reclamaram das distorções envolvendo a remuneração dos funcionários, citando as diferenças nos salários dos gerentes de negócios. Também foi apontado que os coordenadores ganham quase os mesmos vencimentos dos caixas, apesar da jornada de oito horas e das responsabilidades da função.
O banco reiterou que estão ocorrendo ajustes nos cargos. O prazo de enquadramento será de até dois anos. O sistema já está implantado e envolve o porte da agência e outros critérios de mercado.
7. Segurança nas agências
Os representantes das entidades sindicais denunciaram que o Santander Banespa teria reduzido os investimentos em segurança. Além disso, foi informado que as agências e postos precisam de novos equipamentos para inibir assaltos, como portas giratórias antes do auto-atendimento, grades, vidros blindados, câmeras de vídeo com monitoramento à distância, escudo e coletes a prova de balas aos vigilantes.
Também foi reafirmada a necessidade de emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) para todos os funcionários que presenciarem assaltos e seqüestros. Atualmente o banco só emite em casos de afastamento para tratamento psicológico.
O banco respondeu que levará todas as reivindicações para a área de segurança, negando que haja redução nos custos no setor. Também informou que está trocando várias empresas de vigilância.
8. Acesso dos sindicatos aos locais de trabalho
O banco ficou de agendar uma reunião com o Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários) para discutir o acesso da entidade ao prédio do Santander Cultural para a distribuição de jornais e realização de reuniões com os funcionários. Também ficou de se reunir com o Sindicato dos Bancários de São Paulo para debater o acesso nos centros administrativos.
9. Fechamento de agências pioneiras
Os dirigentes sindicais denunciaram o fechamento das agências pioneiras em Potim, Canas e Arapeí, no interior de São Paulo, com previsão para o final de março ou meados de abril. Alguns funcionários dessas unidades foram demitidos, sem remanejamento para unidades próximas com falta de pessoal.
O banco respondeu que existe um “reposicionamento comercial da rede de agências”, envolvendo abertura e fechamento de agências.
Foi reivindicada a manutenção de todas as agências pioneiras e o aproveitamento dos funcionários atingidos no fechamento de alguma unidade. Também foi apresentada a disposição das entidades sindicais de dialogar com os prefeitos e os municípios sobre a permanência dessas agências.
fonte: SindBancários