BAIXOU DESESPERO NO BANCO CENTRAL
A diretoria da Afubesp vai solicitar retratação formal do diretor de Finanças Públicas do Banco Central, Carlos Eduardo de Freitas, em entrevista publicada hoje no Jornal Valor (íntegra no site: www.valoronline.com.br )
Sob o título “Valor do Banespa poderá ‘virar pó’”, o jornal reserva uma página inteira para a entrevista, na qual Freitas desacata o Judiciário, afirma que a Justiça não é o fórum adequado para discutir a privatização do banco, caracteriza como fúteis, frágeis e de quinta ordem os argumentos arrolados nas ações judiciais, para ao final fazer terrorismo afirmando que se a privatização não sair até o final deste ano, o valor de venda do Banespa pode “virar pó.”
Segundo o presidente da Afubesp, Eduardo Rondino, o que Freitas disse ao jornal é passível de pelo menos dois tipos de ações judiciais. “Podemos entrar com ação criminal por injúria, difamação e calúnia e ação civil de responsabilidade”, informa.
No primeiro caso, o diretor do Banco Central procura desqualificar as ações jurídicas, o Judiciário e mente ao dizer que só agora, em 2000 é que “vêm apontar vícios nessa licitação”, referindo à contratação do Banco Fator. Rondino lembra que essa licitação é objeto de ação popular impetrada em 98 pelo presidente do Seeb-SP, João Vaccari, o atual diretor financeiro do Banesprev Wagner Pinheiro e por ele. “Essa ação foi incorporada pelo Ministério Público no processo que movem contra a União e o Banco Central, no qual apontam as 22 ilicitudes na condução da privatização do Banespa.”
Outra infração do diretor do Bacen que pode ser questionada na Justiça, de acordo com Rondino, é a afirmação de que as ações do Banespa podem virar pó. “Ele pode ser enquadrado por crime de responsabilidade por eventuais prejuízos causados ao patrimônio do Banespa, pois uma informação dessa pode provocar uma corrida ao banco”, diz.
Para o presidente da Afubesp, o Banespa só vira pó, se os interventores persistirem na tipo de gestão que desenvolvem desde 94 ,que eles chamam de passiva, mas, é de fato, temerária. Em março deste ano, as entidades do Comando Nacional Banespa já notificaram o presidente do banco, Eduardo Guimarães, alertando-o sobre as responsabilidades legais que cabem à atual diretoria e pelas quais podem ser chamados a responder judicialmente.
Desespero. Parece que bateu desespero no governo federal. Primeiro foram os ataques do advogado-geral da União, Gilmar Mendes, que chamou os juízes de autistas. Agora, vem o diretor de Finanças Públicas do Banco Central desqualificar o Judiciário.
É, o governo destemperou-se de vez e demonstra não estar preparado para discutir alternativas ao projeto de privatizações desastroso que desencadeou. A perspectiva de a privatização do Banespa não sair até o final do ano, o que os obrigaria a recomeçar do zero, está mexendo com a sanidade de alguns interlocutores do Planalto. Medo do FMI?
A diretoria da Afubesp sugere que eles ouçam mais o clamor popular e parem de doar nosso sangue para Wall Street. No caso específico do Banespa, os funcionários têm uma alternativa viável e rentável.
Devolvam o Banespa, que os funcionários sabem muito bem o que fazer com ele.
fonte: AFUBESP