Aumento em taxas de serviços bancários sustenta lucro das instituições financeiras
Segundo informações da consultoria Austin Asis, as receitas dos bancos com títulos públicos caíram de 37,7% para 32,1% do total, mas em compensação, os valores auferidos com serviços saltaram de 10,8% para 17,4%. Os dados, referentes aos primeiros nove meses do ano em comparação com igual período do ano passado, refletem a média dos resultados de seis instituições (entre os quais o Santander Banespa) que detêm 53,7% dos ativos do sistema financeiro.
Analistas afirmam que o movimento de queda de juros, iniciado em junho deste ano, já passou a ter reflexo sobre o lucro dos bancos no terceiro trimestre. Desde então, as taxas caíram de 26,5% para 19% ao ano. “A diminuição dos ganhos com títulos tem levado os bancos a buscar lucros maiores com as receitas dos serviços”, disse Erivelto Rodrigues, sócio da Austin Asis.
Entre novembro de 2002 e outubro deste ano, os preços dos serviços bancários subiram 11,53% – pouco abaixo da inflação do período que foi de12,3% –, segundo o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe.
A pequena redução, no entanto, está longe de abalar os ganhos acumulados pelos reajustes dos últimos anos. Dados da Fipe mostram que, entre janeiro de 2000 e outubro de 2003, as tarifas dos serviços cobrados pelas instituições financeiras subiram 48,12%, bem acima da inflação (32,04%).
Aumento de receita – Especialistas enxergam espaço para o crescimento das receitas com cobranças por serviços que, hoje, são gratuitos. Rodrigues, da Austin Asis, cita os serviços via internet. “Hoje, muitos desses serviços não são cobrados, o que tende a mudar.”
Roberto Troster, economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos), também acredita que esses serviços serão cobrados. No entanto, ressalta que a grande contribuição para os resultados dos bancos nos próximos anos deverá vir da receita com crédito.
Entre janeiro e setembro deste ano em relação ao mesmo período de 2002, essas receitas caíram 24,8%, segundo o levantamento da Austin Asis. Já os ganhos com serviços cresceram 18,3% e os resultados com títulos públicos despencaram 37,4%. Mas a queda da receita com crédito é explicada basicamente por um efeito contábil. Como algumas linhas de financiamento são em dólares, a valorização do real fez com que essa fatia da carteira perdesse valor.
Nos próximos anos, a expectativa é que os bancos ofereçam mais crédito para compensar a redução dos lucros com títulos públicos. Para 2004, a Febraban prevê aumento de 15,3% do total de crédito ofertado no país.
fonte: Folha de S.Paulo