Aumento do “spread” eleva lucro dos bancos
O aumento de dois pontos percentuais no “spread” bancário, entre dezembro de 2004 e dezembro do ano passado, é um efeito estatístico, resultado de “um problema da composição do spread”, segundo Roberto Troster, economista-chefe da Febraban.
“Spread” é a diferença entre a taxa de juro que os bancos pagam ao captar recursos e a que eles cobram do tomador de crédito. O “spread” médio cresceu de 26,8 pontos percentuais, em dezembro de 2004, para 28,8% em dezembro passado, segundo o Banco Central.
Esse ganho de “gordura” do “spread” não tem qualquer correlação com o aumento da taxa básica de juros, a Selic. “O “spread”, no Brasil, sempre foi gordo e tem pouca correlação com a política monetária”, diz Maryse Farhi, professora da Unicamp. “Além do maior juro do mundo, o país também tem o maior “spread”.”
O aumento do “spread” em 2005, segundo Farhi, reflete a estratégia dos bancos de maximizar lucros. “Os bancos aumentaram muito a oferta de crédito e o ganho com essas operações”, diz ela.
Para Troster, da Febraban, esse aumento do volume de crédito ajudou a provocar o efeito estatístico que inflou o “spread” geral. “Ele é uma média ponderada das taxas cobradas em diversos segmentos de crédito destinados à pessoa física e à pessoa jurídica. Houve um aumento do volume de crédito à pessoa física, de um lado, e um forte crescimento do volume de crédito nos segmentos mais caros destinados às empresas, de outro”, diz Troster.
Na pessoa jurídica, a carteira de “hot money”, a mais cara do mercado, aumentou 25,5%, recursos para capital de giro cresceram 28,1%. “São linhas de crédito caras que tiveram aumento de volume maior.”
fonte: Folha de S.Paulo