Audiência pública discute insegurança nos bancos do RS
No primeiro semestre deste ano, foram registradas 236 ocorrências policiais contra instituições bancárias, cooperativas de crédito e lotéricas no Rio Grande do Sul. São assaltos, furtos, roubos de caixas eletrônicos e seqüestros de funcionários, segundo dados da Secretaria da Justiça e Segurança. O assunto foi discutido na quarta-feira, dia 3, na Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembléia Legislativa, por solicitação de entidades ligadas aos bancários e vigilantes gaúchos.
O diretor da Federação dos Bancários do Rio Grande do Sul, do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região e da Afubesp, Ademir Wiedecker, disse que os números preocupam, considerando que muitos delitos não são sequer registrados.
O dirigente cobrou o cumprimento, por parte dos bancos, da lei que determina a instalação de portas giratórias na entrada das agências. O secretário-geral do Sindicato dos Bancários de São Leopoldo, Fabiano Haubert, explica que a categoria vem lutando para que as portas giratórias sejam instaladas, também, no acesso às salas de auto-atendimento. “Isso traria muito mais segurança aos clientes, funcionários e vigilantes”, apontou.
Outro diretor do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região, Antônio Pirotti, criticou a postura dos bancos, que questionam na Justiça a obrigatoriedade das portas giratórias. O representante da Associação dos Bancos do Rio Grande do Sul, Flávio Couto Silva, confirmou que a entidade questiona essa determinação, por entender que ela existe por lei municipal. “Mas a regulação do sistema financeiro é de competência da União”, explicou.
A postura de Silva provocou críticas por parte dos deputados Sérgio Peres (PL), Mirian Marroni (PT) e Edson Brum (PMDB), que cobraram maior responsabilidade social por parte dos bancos. Já a deputada Floriza dos Santos (PDT) pediu entendimento entre as entidades. A reunião foi coordenada pelo presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, deputado Dionilso Marcon (PT).
Vários pronunciamentos e intervenções apontaram para a necessidade de atualizar a Lei Federal 7.102, sobre a segurança em instituições financeiras. O delegado da Polícia Federal, Ildo Gasparetto, convidou as entidades para participar dos debates que o órgão vem promovendo, com objetivo de levantar subsídios para apresentar ao Congresso Nacional, visando alteraração da lei.
O debate contou com a presença de representantes da Brigada Militar, Ministério Público, Secretaria da Justiça e da Segurança e Banrisul. Os deputados Márcio Biolchi (PMDB) e Frei Sérgio (PT) também acompanharam a discussão.
TORTURA – Antes de iniciar a audiência sobre segurança bancária, o Sindicato dos Vigilantes do Rio Grande do Sul pediu espaço para fazer uma denúncia de tortura, ocorrida contra o vigilante Albino Arruda, em abril deste ano, em Viamão.
O próprio Arruda deu seu testemunho. Ele teve a casa invadida por vários policiais militares, sem mandado judicial, e com a justificativa que estaria envolvido em assalto à banco. Na frente da esposa, filhos e netos, teve quatro costela quebradas e a residência toda revirada. Os policiais não encontraram as armas que procuravam. “Eu continuo sendo perseguido e ameaçado por esses policiais”, acrescentou.
A Comissão de Cidadania e Direitos Humanos já recebeu formalmente a denúncia de Arruda. O tenente-coronel da Brigada Militar, Hildebrando Sanfelice, ouviu o relato e repudiou a atitude dos policiais.
fonte: Assembléia Legislativa do RS