AMULETOS NA ENTREGA DA MINUTA PARA DAR SORTE
Com muito verde, ferraduras, figas e cristais, os banespianos deflagraram a campanha salarial, exorcizando os maus espíritos que vêm atazanando suas vidas. Esse foi o clima da manifestação desta sexta,13, em frente ao edifício-sede, que marcou a entrega ao Conselho Diretor da minuta de reivindicações para o acordo coletivo 99/2000. Também foi entregue um dossiê com o histórico da campanha passada, ainda pendente de acordo.
No palco, decorado com bexigas verdes, os oradores se revezaram para dar seu recado aos manifestantes. A apresentação ficou a cargo do diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, João de Oliveira (Joãozinho), e o primeiro orador foi o presidente do sindicato João Vaccari, que enfatizou a heróica resistência dos banespianos nesses quase cinco anos da intervenção do Banco Central.
Antônio Carlos Conquista, diretor da Afubesp referiu-se à luta que os funcionários vêm travando para que a diretoria da Cabesp respeite as deliberações das assembléias e se some aos banespianos na defesa do Banespa.
O diretor financeiro do Banesprev, eleito pelos funcionários, Wagner Pinheiro, falou da importância de vincular a campanha específica dos banespianos com a da categoria bancária e destacou a necessidade de obter da direção do banco o reconhecimento da dívida do serviço passado do Banesprev.
Exigir o respeito da diretoria da Cabesp às deliberações das assembléias também foi um dos destaques levantados pelo conselheiro fiscal eleito pelos funcionários, Paulo Salvador, diretor do Sindicato dos Bancários. Ele enalteceu ainda a resistência do funcionalismo a assinar um acordo que abre portas para demissão imotivada. “Estão certos os 18 mil banespianos que resistem a aceitar essa proposta. Não existe precedente de inclusão desse tipo de cláusula em acordo coletivo”, afirmou.
Para o diretor representante dos funcionários, Oliver Simioni, a defesa dos salários dos banespianos está umbilicalmente ligada à defesa do Banespa. Depois de criticar a política nefasta dos governos FHC e Covas, Oliver disse esperar que a nova diretoria do Banespa respeite os direitos dos funcionários e sua luta pelo emprego e pela cidadania.
De Volta Redonda (RJ), Turíbio Félix, diretor regional da Afubesp trouxe um alerta àqueles banespianos que, mesmo depois de cinco anos de resistência, ainda acreditam que serão os eleitos numa eventual privatização do banco. Por ser testemunha da trágica experiência do Banerj, que agora sob o domínio do Itaú promove demissões em massa nas agências, ele afirmou que ninguém deve alimentar ilusões de que vai permanecer no Banespa se ele for privatizado.
Fechando a manifestação, Lúcia Mathias, secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo alertou para as dificuldades que já se vislumbram nas negociações com a Fenaban, presidida por Roberto Setúbal, do Itaú, cujo desfecho é determinante para as negociações específicas. Lúcia lembrou que já na primeira reunião, Setúbal classificou os bancários de “elite” para em seguida propor a flexibilização de direitos, como sendo um caminho natural dos novos tempos. “Temos de continuar dizendo não”, disse Lúcia, lembrando que todas as categorias que aceitaram a flexibilização de direitos acreditando que garantiriam o emprego ficaram sem os dois.
Após a entrega da minuta, o diretor de Recursos Humanos, Dimas Luis Rodrigues, fez algumas declarações ao Informativo Afubesp, entre as quais manifesta sua disposição ao diálogo e afirma ter esperança de resolver todas as pendências.
É o que o funcionalismo e suas entidades de representação também esperam.
fonte: AFUBESP