AFUBESP CONTESTA EDITORIAIS DO JT E DO JB
O presidente da Afubesp, Eduardo Rondino, enviou carta ao Jornal da Tarde e ao Jornal do Brasil contestando opiniões distorcidas sobre o processo de privatização do Banespa, publicadas nas edições de hoje dos dois jornais
Falando em nome da diretoria e dos associados da entidade, Rondino chama a atenção para a unilateralidade das informações e pela conivência dos jornais com as declarações irresponsáveis do diretor de Finanças Públicas do Banco Central, Carlos Eduardo de Freitas.
Celso Ming, do Jornal da Tarde, dedicou todo o espaço da coluna que leva o seu nome a reforçar a posição do governo expressa nas declarações do diretor do Bacen. Sob o título “Banespa em pó”, o jornalista chegou ao cúmulo de inverter a lógica, ao afirmar, pasmem, que os funcionários deverão ser responsabilizados “pela estratégia suicida que está forçando o sucateamento não apenas de uma parcela relevante do patrimônio público, mas também dos seus próprios empregos que pretendem preservar”.
Não seria o contrário? Puxa! E os banespianos dizem que os interventores do Banco Central é que sucateiam o banco. Oh, coitados!
Com o título Prejuízo Nacional, o Jornal do Brasil também reproduz em editorial a chantagem e o terrorismo do governo para tentar privatizar o Banespa passando o trator nas constituições federal e do Estado de São Paulo e em várias leis.
Pela semelhança de teor, optamos por reproduzir apenas a carta enviada ao jornalista Celso Ming. Confira:
“Em nome da diretoria e dos associados da Afubesp–Associação dos Funcionários do Banespa manifesto nossa discordância com o teor da coluna Celso Ming, da edição de hoje do Jornal da Tarde.
Causou-nos perplexidade, a tranqüilidade com que o jornalista reproduz as afirmações levianas e até criminosas do diretor de Finanças Públicas do Banco Central, Carlos Eduardo de Freitas, acerca do processo de privatização do Banespa.
Não acreditamos que alguém possa achar sensata a explicação de que a atual administração do Banespa está apenas gerenciando a transição para o setor privado. Ora, veja lá se um banqueiro privado que pretendesse vender seu banco iria aceitar uma administração passiva de seus empreendimentos por cinco anos e meio. Isso se chama gestão temerária, pela qual os interventores do Banespa poderão responder na Justiça. No caso de Freitas, cabe processo de crime de responsabilidade por prejuízos causados ao patrimônio do Banespa, uma vez que as conseqüências de suas declarações infelizes já podem ser sentidas na Bolsa de Valores, com a queda das ações do banco.
Dizer que o Banespa vai “virar pó”, se não for uma confissão de culpa, é um desatino, pois trata-se do 6º maior banco do país, com forte presença no mercado e se não está melhor isso se deve à administração inconseqüente dos interventores do Banco Central. Devemos creditar os bons resultados obtidos pelo banco única e exclusivamente ao esforço dos funcionários.
Suicídio seria deixar que entreguem a preço de banana a um banqueiro privado, nacional ou estrangeiro, um patrimônio público de 91 anos de serviços prestados ao desenvolvimento dos municípios e aos micro, pequenos e médios empreendimentos rurais e urbanos.
É verdade que somos interessados em abortar o processo de privatização do Banespa. No entanto, não estamos sozinhos. Acompanham-nos a maioria dos paulistas, como comprovam as pesquisas de opinião, parlamentares de diversos partidos e centenas de prefeitos e vereadores de todo o Estado, que subscrevem a Proposta de Emenda Constitucional – PEC nº 4/99, em tramitação na Assembléia Legislativa do Estado de SP. Aprovada por mais de 300 câmaras municipais do Interior, a PEC prevê a renegociação da dívida paulista e o retorno do controle acionário do Banespa para o Estado de São Paulo, com um novo modelo de gestão, pelo qual representantes da sociedade passam a integrar o Conselho de Administração do banco. É uma pena que boa parte dos meios de comunicação não esteja aberta para discutir a alternativa viável e rentável que temos para que o Banespa possa continuar a investir no crescimento da produção, contribuindo para gerar mais emprego e renda. É disso que o país está precisando.
Outro ponto intrigante na coluna é a docilidade com que foi aceita a afirmação de que os tribunais vêm acatando argumento em torno de “picuinhas”. Não cabe a nós o papel de defender o Judiciário, mas, como parte litigante, desafiamos o jornalista a analisar os processo e ver as infrações. Não nos parece que desrespeitar a Constituição Federal e a Constituição Estadual seja mera picuinha. O governo infringiu até a Lei 9466, elaborada especificamente para tratar do processo de renegociação da dívida paulista e federalização do Banespa. Limitar-se a citar o caso dos envelopes, como se fosse a única transgressão cometida é duvidar da inteligência dos cidadãos, no caso de Freitas, e dos leitores, no caso do jornal. É evidente que ao acionar a Justiça, todas as ilegalidades foram listadas, inclusive a citada. É sempre bom lembrar que, por tratar-se de um processo complexo como a privatização do Banespa, a União e o Banco Central deveriam ser rigorosos no cumprimento da lei.
Um dos fundamentos do bom jornalismo é ouvir todos os lados envolvidos na questão, sem o qual um meio de comunicação também pode virar pó. Mais uma vez, colocamo-nos à disposição do jornalista Celso Ming para apresentar-lhe uma a uma as ilegalidades cometidas pelos governos federal e estadual na condução do processo de privatização do Banespa, bem como nossa proposta alternativa, nem um pouco suicida, para o banco.
Atenciosamente,
Eduardo Rondino – Presidente da Afubesp ”
fonte: AFUBESP