AES VAI UTILIZAR RECURSOS DO BNDES PARA PAGAR CESP TIETÊ
A empresa norte-americana AES vai pagar R$ 938,066 milhões pela aquisição da Companhia de Geração de Energia Elétrica Tietê (Cesp Tietê). O ágio foi de 29,97% sobre o preço mínimo de R$ 721,756 milhões.
Segundo informou a agência Estado, a AES é a maior empresa de geração de energia elétrica do mundo e a maior produtora independente de energia. Ainda assim, vai recorrer ao BNDES para financiar R$ 360 milhões, 50% do que fora estipulado como valor mínimo para o leilão da Cesp, conformou declarou o presidente da multinacional no Brasil, Luiz David Travesso, à agência . Ou seja, vai utilizar recursos da União, portanto, do contribuinte, para comprar uma empresa que é do povo paulista.
Nem assumiu a empresa e Travesso já diz que a tendência a médio prazo é ajustar a tarifa para equipará-la ao preço que garante vigorar no mercado internacional, o que daria um aumento de quase 100%.
Trocando em miúdos, o homem compra a empresa com o nosso dinheiro e ainda quer aumentar o preço da tarifa que nós vamos pagar. É mole? É esse tipo de cortesia que o governo Covas vem fazendo nas privatizações.
Contestação. Em sua coluna de ontem, no jornal Diário Popular, o jornalista Aloysio Biondi contestou os argumentos do governo em defesa da privatização das Centrais Elétricas de São Paulo dizendo que, mais uma vez, “um patrimônio que custou bilhões e bilhões de reais aos paulistas está sendo entregue a preços de banana a grupos privilegiados, que terão lucros fantásticos com a operação.”
Biondi informou que somente com as usinas já existentes ou em fase final de montagem, a Cesp (incluindo todo o grupo) poderia gerar lucros acima de R$ 1,2 bilhão por ano, antes do Imposto de Renda. Assim, a AES estaria pagando pela Cesp Tietê menos do que o potencial de lucro das centrais em apenas um ano.
Na vizinhança. A assessoria do presidente eleito da Argentina, Fernando de La Rua, estuda a elaboração de uma lei para criar um imposto sobre lucros extraordinários de empresas estatais privatizadas para, com seus rendimentos, financiar projetos sociais.
Contramão. Enquanto isso, no Brasil, os governos FHC e Covas insistem num programa de privatização desumano e ineficaz. O entusiasmo de Covas com o leilão de hoje foi tamanho que já anunciou sua intenção de fracionar a Cesp Paraná para facilitar sua venda, ou melhor entrega, no primeiro trimestre do ano que vem. Comportamento completamente distinto do que se propõe o novo presidente argentino e do que adota , por exemplo, o governador mineiro Itamar Franco no episódio da Cemig, no qual procura defender os interesses de seu Estado.
fonte: AFUBESP