Acidente de trabalho: três mil morrem por ano
Estresse, doenças mentais e LER/Dort atingem mais os trabalhadores do sistema financeiro
Os números do Dataprev não deixam dúvida quanto à gravidade da situação: os acidentes de trabalho matam três mil brasileiros por ano e deixam outros 300 mil com sérias complicações de saúde. Embora assustadores, os dados parecem não sensibilizar a maioria dos patrões, que continua tratando as ocorrências como “inerentes” ao processo produtivo. “Isso não existe. Seja qual for a categoria, acidentes podem, sim, ser evitados. O problema é que não existe política de Estado nesse sentido, nem as empresas estão muito preocupadas com sua responsabilidade social”, critica Rita Berlofa, diretora da Secretaria de Saúde do Sindicato dos Bancários de São Paulo (27 de julho é o Dia Nacional de Prevenção ao Acidente de Trabalho).
Gastos especiais – Além de traumas para o trabalhador e sua família, muitas vezes irreversíveis, o afastamento devido a problemas ocupacionais causa consideráveis prejuízos ao país e às próprias empresas. Em 2003, eles geraram gastos de R$ 32,8 bilhões, sendo R$ 8,2 bilhões apenas para o pagamento de benefícios e aposentadorias especiais. Volume que seria muito maior se todos os casos fossem notificados corretamente.
Segundo estimativa da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a notificação na América Latina atinge apenas 4% do universo real de vítimas de doenças ocupacionais.
No Brasil, o total de casos registrados subiu de 8.299, em 1992, para 36.648 em 1997. Em 2002, recuou para 20.886, queda que Berlofa atribui justamente ao aumento das subnotificações. Metade das ocorrências está relacionada às LER/Dort. Outras doenças ocupacionais comuns são gastrite, tensão, ansiedade e sofrimento psicológico.
Os bancários estão entre os mais atingidos. Dos benefícios concedidos por doença mental relacionada ao trabalho, em 2002, 81% foram para empregados do setor financeiro. Os bancários também respondem por 55,6% das ocorrências de tendinite e 98,6% dos casos de estresse agudo.
Campanha salarial – Saúde e condições de trabalho são alguns dos principais temas que estão sendo debatidos com a Fenaban na campanha salarial, existindo várias cláusulas específicas na minuta de reivindicações entregue aos banqueiros.
fonte: Folha Bancária – Seeb SP