40% dos bancários reclamam de assédio moral
Cerca de 40% dos bancários admitem que já sofreram assédio moral no trabalho. Os males destes constrangimentos refletem-se na saúde de 60,72% dos trabalhadores, que se dizem nervosos, tensos ou preocupados e sofrem com o cansaço, a tristeza, insônia e dores de cabeça.
Os dados acima fazem parte da pesquisa “Assédio Moral no Trabalho: Impactos sobre a Saúde dos Bancários e sua Relação com Gênero e Raça”, promovida pelos sindicatos de todo o país e coordenada pelo Sindicato dos Bancários de Pernambuco em parceria com o Fundo pela Igualdade de Gênero (FIG) da Agência Canadense para o Desenvolvimento Internacional (CIDA). O Coletivo de Saúde da Contraf-CUT promoverá a divulgação do resultado completo da pesquisa no próximo dia 12 de julho, às 19h, no Sindicato dos Bancários de Brasília.
“O resultado da pesquisa reafirma um problema que há muito tempo vem sendo denunciado pelos sindicatos. O assédio moral está afetando a saúde dos trabalhadores e é muito importante que este tema esteja na ordem do dia já no início da Campanha Nacional dos Bancários. Nosso objetivo é arrancar, em mesa de negociação, o compromisso das direções dos bancos de combater o assédio moral”, afirma Plínio Pavão, secretário de Saúde da Contraf-CUT.
Segundo a pesquisa, apenas 5,2% dos bancários que sofreram assédio moral disseram ter falado sobre o assunto com alguém. A maioria (34,65%) busca apoio na família, enquanto 14,83% falam com amigos, 10,89% comentam com um colega de banco e somente 6,52% procuram o sindicato.
Na pesquisa, os bancários apontaram alguns fatores que podem resultar no assédio moral, como o excesso de trabalho, reclamado por 19,66%. Um total de 12,73% afirma que o chefe prejudica a sua saúde. A chefia dá instruções confusas e imprecisas para 10,35% e, para 9,51%, os gestores pedem trabalhos urgentes sem nenhuma necessidade.
As formas de assédio moral sofrida pelos bancários: chefe não lhe cumprimenta e nem fala mais com o subordinado; chefe atribui erros imaginários; chefe bloqueia o andamento dos trabalhos; manda cartas de advertência protocoladas; impõe horários injustificados; o chefe ignora a presença do bancário na frente dos outros; fala mal do funcionário em público; manda executar tarefas sem interesse; circula maldades e calúnias; transferência de setor para isolar o bancário; proíbe os colegas de falar ou almoçar com o empregado e até força o trabalhador a pedir demissão.
Mas o que favorece esta situação? Para 70,97% dos entrevistados falta pessoal no banco. O que causa sobrecarga excessiva de trabalho, apontado por 54,66%. Que gera um novo problema: a extrapolação da jornada (27,36%). Outra questão apontada é competição entre as pessoas (34,09%).
Para 35%, o chefe decide sem consultar os subordinados. A falta de comunicação é outro problema. Mais da metade (52,89%) diz que existem boatos que geram insegurança e 66,84% afirma que há pessoas que não passam informações.
A pesquisa foi realizada com uma amostra de 2.609 bancários de 25 estados.
fonte: Contraf-CUT