Pela mobilização global dos trabalhadores
Vice-presidente da Afubesp e secretária de finanças do Sindicato dos Bancários, Rita Berlofa, propõe, em Portugal, acordos globais para os bancos multinacionais
Num mundo globalizado, muitas vezes os trabalhadores de empresas multinacionais enfrentam lutas semelhantes em países diferentes. Nesse caso, a experiência de entidades representativas e sindicatos em outros continentes podem ajudar na estratégia de enfrentamento. Mas, certamente, a mobilização além das fronteiras será um instrumento fundamental num futuro próximo. É com base em ideias como essa que a vice-presidente da Afubesp e secretária de Finanças do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Rita Berlofa, apresentou a proposta de construção de redes mundiais de trocas de experiências e suporte global, na 3ª Conferência Mundial da UNI Finanças, em Lisboa (Portugal) na terceira semana de março.
“Nesse momento, por exemplo, os trabalhadores do Santander na Alemanha lutam contra a terceirização de serviços bancários realizada por uma empresa que pertence ao mesmo grupo”, diz Rita. “Da mesma forma, na Espanha, a empresa é a única que ainda não fechou o acordo coletivo com a categoria este ano porque está esperando a privatização das “Caixas de Aforros” do país, que são como bancos estatais que lidam somente com poupança e por isso não querem renovar cláusulas de manutenção dos empregos e de estabilidade para os trabalhadores perto da aposentadoria”.
Temas como privatização, terceirização e demissão de funcionários que tinham estabilidade em antigas empresas estatais são bem conhecidos dos sindicatos brasileiros, mas somente agora chegam à Europa com a crise financeira internacional.
“Estamos evoluindo muito na coordenação entre entidades e na mobilização global dos trabalhadores”, explica Rita. “Mas, com acordos globais em empresas multinacionais poderemos diminuir as diferenças entre os direitos e benefícios de bancários de uma mesma instituição nos vários países em que atua”. A proposta do sindicato brasileiro é que a nova rede global para impulsionar esses acordos seja coordenada pela UNI Finanças, da mesma forma que já existem iniciativas continentais lideradas pela UNI Américas.
Outro destaque apresentado pelos representantes do Brasil na reunião foi a proposta de implementação internacional de uma campanha nos mesmos moldes da “Menos Metas, Mais Saúde”, realizada em 2010 pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo e depois ampliada pela Contraf-CUT para outras regiões. A conferência, que teve início dia 16 de março, tem também como objetivo nomear o presidente, o vice-presidente e os membros do comitê europeu da entidade.
Por Vinicius Souza
Foto: Contraf-CUT